O menino jogador

                                                                                O meio


Symon estava rodeado por policiais que lhe dava varias coronhadas com os canos dos revolveres, seu rosto estava coberto de sangue, seus olhos fechados de tanta porrada. Um policial aponta a arma para seus olhos e atira. Symon acorda banhado de suor, aos soluços ele se levanta e se lava o relógio aponta 3 horas da madrugada, caminha até a janela do seu apartamento e olha a calmaria da rua, o ar gelado lhe retira os últimos resquícios do pesadelo tão recorrente. Permanece apoiado no parapeito até as 07h00min horas, então entra, toma banho e se prepara, é mais um dia de treino.
Symon chega ao clube 30 minutos depois e é avisado que deveria ir à sala do chefe, Ronni. Sentou-se e enquanto aguardava, folheou umas revistas até deter seus olhos em um anuncio que lhe chamou a atenção. “hipnose, regressão” ficou tão compenetrado que nem percebeu a presença da secretaria até que ela gentilmente lhe tocou o ombro.
Desculpe com licença seu Symon, bom dia, o chefe esta pedindo para você entrar, seu sorriso encantador fez com que Symon saísse de seu devaneio e lembrar-se do por que estar ali, fora chamado para falar com o chefe Ronny, entrou e foi recebido por um longo aperto de mão e uma boca escancarada cheia de dentes amarelados pelo tabaco.
        Como vai Symon, disse lhe Ronny.
 Sacudindo os ombros respondeu vou indo foi tudo que disse Symon.
Ótimo disse lhe Ronny, bem Symon o motivo de chama-lo aqui, é bem, você sabe não estamos a mil maravilhas aqui no clube e bem, após uma pausa acrescentou é que estamos passando por um período de reformulação, desculpe Symon, falou Ronny totalmente constrangido.
Estava despedindo uma lenda, um craque que foi disputadíssimo pelos maiores clubes da Europa a menos de cinco anos. Bem, era o certo a fazer, pensou o cara só deu prejuízo nos dois anos, ele pirou que porra, pensou.
Symon sorriu e disse tudo bem, vou pegar minhas coisas e avisar o treinador. Ele já sabe, completou Ronni. Olha Symon, se tiver algo que eu possa fazer, me diga sim?
Não estou tranquilo, respondeu Symon.
No ultimo ano era tudo que falava Symon, para qualquer assunto, nunca se abria, nem com o técnico nem com seus companheiros de campo.
 Ronni se despediu, com um nó na garganta e os olhos cheios de lagrimas, afinal era amante do futebol, dos grandes jogadores e Symon tinha sido um desses mega craques em que ele teve a oportunidade de conhecer e trabalhar pessoalmente, era um cara que respeitava. Mesmo Symon estando totalmente fora de seu juízo, era, ou melhor, foi um dos maiores, pensou Ronni.
Symon voltou sua atenção para o anuncio, sua demissão era prevista, Symon até sentiu-se aliviado por ter resolvido aquela situação.
Foi até ao armário e retirou seus pertences dali colocando em uma mochila. Em casa retirou o anuncio do bolso e discou o numero, uma voz metálica solicitou que deixasse seu recado que entraria em contato.
Tomou um banho, colocou uma bermuda, camiseta e um chinelo, foi até ao bar e serviu-se de um uísque duplo com gelo, sentou-se e olhou ao redor, estava tudo em seu lugar, graças à mulher que cuidava da casa, Lourdes, ela era maravilhosa cuidava de tudo não perguntava nada. Bastava deixar seu dinheiro em cima da geladeira e ela cuidava de tudo.
Symon pensou o quanto sua vida estava desestruturada, confusa. Precisava saber e aquela terapia de regressão parecia-lhe que iria lhe dar respostas para sua angustia.
Symon queria saber mais a seu respeito, tinha um período que lhe faltava na sua mente. Simplesmente desapareceu de sua historia, não lembrava mesmo, um terapeuta lhe disse que era amnesia devido aos traumas da infância. Symon queria se encontrar.
No dia seguinte Symon percorreu um longo corredor claustrofóbico de um prédio medieval e desbotado, precisava encontrar o apartamento 4812. Encontrou e bateu na porta, ela se abriu e um senhor meio grisalho lhe recebeu com um sorriso e a mão estendida, Symon, certo. Sim lhe respondeu, sou Pietro, vamos fique a vontade.
Symon entrou e sentou-se no sofá elegante que lhe foi oferecido, agua? Café? Perguntou lhe Pietro, não obrigado, respondeu Symon com as mãos suadas e com o olhar assustado. Por que você quer fazer regressão Symon? É que, eu não sei muito a meu respeito, disse Symon.


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